domingo, 25 de maio de 2008
Trevas
O sol esplêndido extinguira-se, e as estrelas
Vaguejavam escuras pelo espaço eterno,
Sem raios nem roteiro, e a enregelada terra
Girava cega e negrejante no ar sem lua;
Veio e foi-se a manhã - veio e não trouxe o dia;
E os homens esqueceram as paixões, no horror
Dessa desolação; e os corações esfriaram
Numa prece egoísta que implorava luz:
E eles viviam ao redor do fogo; e os tronos,
Os palácios dos reis coroados, as cabanas,
As moradas, enfim, do gênero que fosse,
Em chamas davam luz; cidades consumiam-se
E os homens se juntavam juntos às casas ígneas
Para ainda uma vez olhar o rosto um do outro;
Felizes quanto residiam bem à vista
dos vulcões e de sua tocha montanhosa;
Expectativa apavorada era a do mundo;
queimavam-se as floresta - mas de hora em hora
Tombavam, desfaziam-se - e, estralando, os troncos
Findavam num estrondo - e tudo era negror.
À luz desesperante a fronte dos humanos
Tinha um aspecto não terreno, se espasmódicos
Neles batiam os clarões; alguns, por terra,
Escondiam chorando os olhos,; apoiavam
Outros o queixo às mãos fechadas, e sorriam;
Muitos corriam para cá e para lá,
Alimentando a pira, e a vista levantavam
Com doida inquietação para o trevoso céu
A mortalha de um mundo extinto; e então de novo
Com maldições olhavam a poeira, e uivavam,
Rangendo os dentes; e aves bravas davam gritos
E cheias de terror voejavam junto ao solo,
Batendo asas inúteis; as mais rudes feras
Chegavam mansas e a tremer; rojavam víboras,
E entrelaçavam-se por entre a multidão,
Silvando, mas sem presas - e eram devoradas.
E fartava-se a Guerra que cessara um tempo,
E qualquer refeição comprava-se com sangue;
E cada um sentava-se isolado e torvo,
Empanturrando-se no escuro; o amor findara;
A terra era uma idéia só - e era a de morte
Imediata e inglória; e se cevava o mal
Da fome em todas as entranhas; e morriam
Os homens, insepultos sua carne e ossos;
Os magros pelos magros eram devorados,
Os cães salteavam os seus donos, exceto um,
Que se mantinha fiel a um corpo, e conservava
Em guarda as bestas e aves e os famintos homens,
Até a fome os levar, ou os que caíam mortos
Atraírem seus dentes; ele não comia,
Mas com um gemido comovente e longo, e um grito
Rápido e desolado, e relambendo a mão
Que já não o agradava em paga - ele morreu.
Finou-se a multidão de fome, aos poucos; dois,
Porém, de uma cidade enorme resistiram,
Dois inimigos, que vieram encontrar-se
Junto às brasas agonizantes de um altar
Onde se haviam empilhado coisas santas
Para um uso profano; eles as revolveram
E trêmulos rasparam, com as mão esqueléticas,
As débeis cinzas, e com um débil assoprar
Para viver um nada, ergueram uma chama
Que não passava de um arremedo; então alcançaram
Os olhos quando ela se fez mais viva, e espiaram
O rosto um do outro - ao ver, gritaram e morreram
- Morreram de sua própria e mútua hediondez,
Sem um reconhecer o outro em cuja fronte
Grafara a fome "diabo". O mundo se esvaziara,
O populoso e forte era um informe massa,
Sem estações nem árvore, erva, homem, vida,
Massa informe de morte - um caos de argila dura.
Pararam lagos, rios, oceanos: nada
Mexia em suas profundezas silenciosas;
Sem marujos, no mar as naus apodreciam,
Caindo os mastros aos pedaços; e, ao caírem,
Dormiam nos abismos sem fazer mareta,
Mortas as ondas, e as marés na sepultura,
Que já findara sua lua senhoril.
Os ventos feneceram no ar inerte, e as nuvens
Tiveram fim; a Escuridão não precisava
De seu auxílio - as Trevas eram o Universo.
sábado, 24 de maio de 2008
Livres!
"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. ... Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." João 8.32,36 Quando você se entregou a Cristo você deixou de estar sobre o julgo do pecado e de tudo o que o afastava de Deus. Você conheceu a Verdade, conheceu a Palavra e Jesus Cristo. Você foi liberto! Você descobriu que o Sangue de Cristo derramado na cruz foi o preço pago para te resgatar de onde você estava preso ("...porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação." - Apocalipse 5.9). Você se tornou livre! Mas, por outro lado, mesmo sendo livres, vemos cristãos, por várias 'razões' (já que isso não é racional), se aprisionando, voltando para seus cativeiros antigos, já quebrados pelo nome de Jesus. Como cativeiros, entenda vícios (jogos, bebidas, cigarros, drogas), costumes antigos que não condizem com a nova vida em Cristo (idolatria, atos enganosos, jeito de se vestir e falar) e até mesmo apostasia e desistência de seguir Jesus. Para esses cristãos a Palavra de Deus tem um recado: "Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão." Gálatas 5.1 A Bíblia é bem clara no que tange aos nossos direitos e deveres. E isso é um dever fundamental para continuar com Cristo; é questão de sobrevivência espiritual mesmo! Ora, se Cristo já vos libertou, verdadeiramente sois livres! Por que buscar novamente o erro da qual foi liberto? Você pode até pensar "Mas tem aquela coisa que eu tento parar mas não consigo...", mas você já VERDADEIRAMENTE entregou nas mãos de Deus? Já levou as suas angústias e preocupações a Ele?
Pertubação
aonde estou vc estar
critica minha forma de te pensar
tenho q sequir o q vc quer
no trabalho vc fala q ñ sou capaz
em casa nunca me deixa em paz
só na morte vou descança
pertubação são todos vcs q ñ me deixam viver
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Ordem e Progresso.
VIVER
PUNK ATÉ MORRER
domingo, 11 de maio de 2008
¨OCULPAR, RESISTIR E PRODUZIR¨
Oculpar é um perigo, se não aos proprietários, a si próprio, Oculpar se não as terras infecundas, seu próprio peito. A resistência consiste em estar, sentir-se vivo. Rompam as porteiras do latifúndio, invandam a casa senhoril, façam justiça a maior de todos os pecados agrários. Quebrem os espelhos que reflentem a própria face, por fogo sobre as vegetações plásticas de seu, próprios sonhos e anseios doloridos. Cercas? elas existem para serem transgredidas. Falar sobre leis, discursar de forma inflamada permanecem cabisbaixo quando os olhos banham-se em lágrimas ou gritar por uma dor não sentida não adianta, quando as multidões -esqueleticas- ousarem construir a destruição, vícios retóricos ou capacidades dialéticas serão apenas dotes de corpos declinados, pronto para serem digeridos pelos seres decompositores da máteria. A propriedade...
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Andei observando, ainda que não quisesse, toda a movimentação da mídia e da população brasileira em torno do acidente com o vôo 3054 da TAM (decorei o número do vôo, porque até ontem - sexta, 28 de julho - a primeira página da Folha de S. Paulo trazia a estampa da desgraça - pura osmose).
A nação ficou indignada, pedindo justiça às autoridades, e pedindo uma explicação para o presidente, que só se pronunciou sobre o assunto dias depois do acidente, segundo li num blog de um amigo meu, porque ele stava com "tersol".Talvez o pior de tudo, para a nação, não tenha sido o acidente, mas a demora com que o chefe da falou sobre o caso, ofereceu suas condolências e serviços, anunciou as medidas a serem tomadas, enfim, o povo ficou "fulo" com a atitude tardia de um presidente, enquanto o mundo todo, minutos após o acidente, mandava suas mórbidas mensagens de conforto, nação das quais não esperaríamos nada mais doque uma nota na página do caderno voltado às notícias internacionais de seus países, como a Argentina e os E.U.A.É bonito ver uma nação que se movimenta e se levanta em protesto na mídia quando algo está errado. Quando isso acontece, podemos medir quão ligados estão os "filhos de uma pátria".Contudo, esse acidente ser viu para mostrar mais uma vez um grande problema da nossa nação: somos uma nação esquizofrênica, com pelo menos duas personalidades bem distintas. Independentemente do governo e da magnitude do acidente da TAM (realmente, como já constatado pela mídia, sem prescedentes), temos duas realidades, dois "brasís", dentro deste país.Uma das nações que encontramos aqui é o Brasil que se solidariza e oferece condolências aos familiares e amigos das vítimas do vôo 3054, que cobram uma atitude dos governantes e se indignam diante do descaso inicial do chefe-de-estado brasileiro em se pronunciar sobre o acidente.Porém, há um outro país, uma outra república dentro do Brasil, e esta me enoja: a nação que sequer olha para o mendigo que passa fome, que não presta condolências aos mortos nas estradas e nas mãos dos homicidas. É a nação que abre os olhos para um acidente - grande, sim - mas midiático, e que se fecha quando a mãe chora pelo filho que se tornou mais uma vítima do tráfico, que dá as costas para os seus filhos do nordeste, para os escravos-bóias-frias nos campos e para os flagelos do subemprego nas grandes metrópoles.É o país do movimentos "Viva Rio" e "Sou da Paz", que saem às ruas quando um cidadão classe-média-alta é assassinado, mas que não sabem os reais números das guerrilhas urbanas, à qual se submetem milhares de pessoas de bem, pais de família, filhos, mães.Como diz um amigo meu, a merda só fede quando chega às narinas da "high society", mas até aí, todo o resto da população já está afundado na bosta até "as tampas".Meus sinceros pêsames aos familiares e amigos do vôo 3054. Contudo, acho uma hipocrisia os que não são ligados aos mortos usarem luto e se vestirem de indignação somente nesta situação pois, para sermos justos, teríamos que nos enlutar até que o último brasileiro tivesse pelo menos casa e comida, e não apenas quando acontece um acidente de grande magnitude.
Tolstói
Pergunta — De onde foi tirada a expressão "Não-resistência"?Resposta — Da frase: Não resistais ao homem mal. (Mt 5,39)
P — O que exprime esta expressão?R — Exprime uma alta virtude cristã ensinada por Cristo.
P — De onde se deduz que o Cristo tenha ordenado a não-resistência neste sentido?R — Das palavras que ele pronunciou a este respeito: "Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. E eu vos digo: Não te oporás ao malvado; assim, se alguém te bate na face direita, oferece-lhe a esquerda. Ese alguém quer brigar contigo, e tirar-te o manto, deixa-lhe também a veste."
[...]
P — Admitiam os antigos a resistência à ofensa com a ofensa?R — Sim, mas Jesus a proibiu. O cristão não tem em caso algum o direito de tirar a vida ou de atingir com um castigo aquele que lhe fez mal.
P — Pode ele combater um exército contra os inimigos de fora ou contra os rebeldes internos?R — Não, é claro. Ele não pode tomar qualquer parte na guerra, nem mesmo na organização da guerra. Não pode usar armas mortais, não pode resistir à ofensa com a ofensa, seja sozinho ou unido a outros, aja por si ou por intermédio dos outros.
P — Pode ele, voluntariamente, reunir e armar soldados para o serviço do Estado?R — Ele não pode fazer nada disto, se quiser ser fiel às leis do Cristo.
P — Pode ele, com benevolência, dar dinheiro ao governo que é sustentado pelas forças armadas, pela pena de morte e pela violência?R — Não, a menos que este dinheiro não se destine a um objetivo em especial, justo por si mesmo e cujos fins e meios sejam bons.
P — Pode ele pagar impostos a tal governo?R — Não, ele não deve voluntariamente pagar impostos; mas não deve resistir ao recolhimento de impostos. O imposto decretado pelo governo é recolhido independentemente da vontade de contribuintes. O homem não pode escapar dele sem recorrer à violência, e o cristão, não podendo usar de violência, deve abandonar a sua propriedade às arrecadações do poder.
P — Pode um cristão ser eleitor, juiz ou agente do governo?R — Não, a participação nas eleições, na justiça, na administração, nos fazparticipar da violência governamental.
P — Qual a principal virtude da doutrina da não-resistência?R — A possibilidade de cortar o mal pela raiz em nosso próprio coração, assim como no de nossos semelhantes. Esta doutrina reprova o que perpetua e multiplica o mal no mundo. Aquele que ataca seu próximo ou que o ofende provoca sentimentos de ódio, origem de todo o mal. Ofender o próximo porque ele nos ofendeu, com o propósito de repelir o mal, é reprovar uma má ação, é despertar ou pelo menos liberar, encorajar o demônio que pretendemos repelir. Satanás não pode ser expulso por Satanás, a mentira não pode ser purificada pela mentira, e o mal não pode ser vencido pelo mal. A verdadeira não-resistência é a única resistência ao mal. Ela degola o dragão. Destrói e faz desaparecer por completo os maus sentimentos.
Não sei se choro ou rio.
Será que existe uma forma de se revoltar contra o Estado e a tirania das igrejas-empresas sem que pequemos contra a Palavra de Deus? A Bíblia nos mostra que a autoridade dos homens deve estar subordinada à de Deus, caso contrário tal autoridade terrestre é nula.
Fomos criados em uma “igreja” (com letra minúscula, daqui pra frente sem as “aspas”, significando a instituição apóstata, humana e falida) que sempre teve o rabo preso com a monarquia e com o Estado. Foi assim desde que o Imperador Constantino teve a sua “visão santa” e uniu igreja e Estado, desferindo o maior golpe que a IGREJA (o Corpo indivisível do Senhor) já sofreu durante toda a sua existência. Depois disso, vieram os bispos, padres, papas e outros que, prostituindo-se com o Estado, colocaram o povo debaixo de um jugo terrível. Depois da “Reforma”, muitos pensaram que tudo seria melhor, mas, na verdade, o poder só foi descentralizado: Lutero se aliou A monarquia alemã, ficando contra os camponeses que se viam no direito de serem iguais – o próprio Jesus disse que entre nós não deveria haver divisão de classes (Mateus 20: 25-27), mas que deveríamos buscar sermos sempre os menores –, mas Lutero e a elite alemã não viam dessa forma. Eles queriam colocar o povo sob domínio, e continuar sugando todas as forças dos mais pobres (e depois dizem que não existem “vampiros de cristo”...).E a igreja tem se sustentado até hoje assim, usando a Bíblia para colocar a Noiva de Cristo em um cativeiro, nocauteando as ovelhas para que os tosquiadores tirem, se possível, o couro delas sem dó, desde que a elite da igreja esteja bem posicionada. Os que querem ver o povo sob o domínio dos senhores seculares deste mundo usam a seguinte passagem bíblica para se justificarem (Romanos 13):
“1 - Obedeçam às autoridades, todos vocês. Pois nenhuma autoridade existe sem a permissão de Deus, e as que existem foram colocadas nos seus lugares por ele.
2 - Assim quem se revolta contra as autoridades está se revoltando contra o que Deus ordenou, e os que agem desse modo serão condenados.
3 - Somente os que fazem o mal devem ter medo dos governantes, e não os que fazem o bem. Se você não quiser ter medo das autoridades, então faça o que é bom, e elas o elogiarão.4 - Porque as autoridades estão a serviço de Deus para o bem de você. Mas, se você faz o mal, então tenha medo, pois as autoridades, de fato, têm poder para castigar. Elas estão a serviço de Deus e trazem o castigo dele sobre os que fazem o mal.
5 - É por isso que você deve obedecer às autoridades; não somente por causa do castigo de Deus, mas também porque a sua consciência manda que você faça isso.”Mas, será que, realmente, temos que dever essa lealdade cega aos nossos governantes? Será que Deus, em sua infinita misericórdia e zelo pelo Seu Povo faria com que caminhássemos diretamente ao matadouro?
A resposta está no versículo 6 do mesmo capítulo:
“6 - É por isso também que vocês pagam impostos. Pois, quando as autoridades cumprem os seus deveres, elas estão a serviço de Deus.”
Vejam que aqui Paulo diz a quais autoridades devemos prestar lealdade: àquelas que fazem a vontade de Deus.
Transportemos agora esse capítulo para os nossos dias. O que vemos no nosso país? Temos governantes que fazem a “vontade de Deus”, ou o que vemos é um bando de malditos que só pensam em pilhar nossos tesouros, humilhando os menos favorecidos em rede nacional de TV e rádio, envolvendo-se em falcatruas e escândalos sexuais? Será que esta seria a autoridade que “faz a vontade de Deus”, ou seria essa a autoridade que está debaixo do poder de Satanás, como ele mesmo (Satanás) diz em Lucas 4, verso 6:6:
"e disse [satanás]: - 'Eu lhe darei todo este poder e toda esta riqueza [ou seja, os reinos da Terra], pois tudo isto me foi dado, e posso dar a quem eu quiser'."
Com certeza, as lideranças que temos hoje não estão muito preocupadas em fazer a vontade de Deus ,mas estão sob o jugo do Senhor Deste Século.
Creio que aí está o “tesouro escondido”, a balança que mede quando devemos ou não obedecer às autoridades. Creio que, acima das autoridades, estamos subordinados à vontade de Deus. Se, para obedecer às autoridades temos que trair nossa fé, elegendo homens que pilham nossos irmãos, destroem os menos favorecidos e tiram comida da boca do povo necessitado para satisfazer suas orgias, devemos, como seguidores de Cristo, dizer NÃO a esses homens inescrupulosos! Mas estaria certo desobedecer a uma autoridade para fazer a vontade de Deus?
Se pararmos para ler a Bíblia “criticamente” (isto é, conscientemente, analisando sabiamente suas palavras) encontraremos dezenas de exemplos de homens que foram contra reis e governadores para fazer a vontade de Deus, porém, eu só quero citar as palavras do Apóstolo Pedro em Atos 5:29 (b):
“Nós devemos obedecer a Deus e não às pessoas.”
No meu entendimento, quando a obediência às autoridades faz com que neguemos nossa fé, devemos ser totalmente contra essas autoridades. Por acaso não estamos traindo nossa fé (e nossa consciência) quando elegemos pessoas más e que só pensam em si próprias? Talvez essa é uma posição que a igreja não tomou até hoje: a de ir contra as maldades deste mundo, pois lhe é muito confortável apoiar as maldades do Estado. Ou não seria isso? Pois o que vemos é cada vez mais “homens de deus” se atolando na política, todos tentando mamar nas tetas da pátria.
É cômodo para as igrejas serem coniventes com o Estado em suas sujeiras, pois os bolsos de seus dirigentes estão sempre cada vez mais cheios, e o povo cada vez mais cego e faminto.
É por isso que, em parte, não culpo o povo por não ter uma opinião política sólida, pois foram “doutrinados” a obedecer ao Estado, ainda que essa obediência seja contrária aos ensinamentos de Cristo. Contudo, nunca é tarde para abrir os olhos e começar a ler a Bíblia, e orar pedindo o entendimento de Deus. Se parássemos de ouvir homens e começássemos a seguir a voz do Consolador, talvez tivéssemos uma sociedade mais justa.
— Os textos bíblicos foram tirados da “Nova Tradução na Linguagem de Hoje", do site http://www.sbb.org.br
É necessário abrir os olhos sentimentais e enxergar mais do que um imigrante. É necessário enxergar um irmão.
Anarquismo Cristão
Antes de tudo, deixe me apagar alguns desses ridículos estereótipos sobre a ideologia anarquista. Deixe-me começar dizendo que anarquia não é igual a uma sociedade sem moral, e a filosofia anarquista não encoraja a violência nem o desprezo ou direito dos outros. Uma sociedade anarquista é simplesmente uma sociedade sem leis. Não há leis porque não se precisa delas. É um lugar onde cada um é moral o suficiente para respeitar o direito de cada um. É uma sociedade que não aceita uma estrutura de poder que possa impor sua vontade sobre o povo. Não importa quão perfeito seja um governo, sabemos que aqueles que estão no poder podem e irão se corromper e abusar do seu poder. Um governo sem corrupção só poderia existir em um mundo ideal; mas se falamos de um mundo ideal, porque deveria haver um governo nele? Desde que os governos sempre serão corruptos em qualquer mundo que não seja o ideal, devemos fazer com que nosso mundo seja um mundo ideal, de forma que possamos eliminar os governos. Não deveríamos aceitar estruturas de poder que tentam resolver os problemas a partir dos altos postos da autoridade. Quando conferimos aos líderes governamentais o dever de “consertar” a sociedade, nos tornamos preguiçosos e apáticos. Pode ser que assim estejamos livres para perseguir nossos ideais particulares livremente, mas, entretanto, o abuso do poder se torna mais severo, e a injustiça que o acompanha cresce firmemente. É por isso que não devemos aceitar cegamente a autoridade das estruturas de poder que nos cercam, nem devemos depender dela para resolver os problemas da sociedade. Em vez disso, devemos trabalhar para crescer, em nível individual, para transformar a sociedade como um todo, de forma que possamos criar uma sociedade na qual seja fácil ser bom e ter moral.
É nesse ponto que o aspecto cristão entra. Cristo nos ensinou que devemos amar nossos próximos e tratá-los com respeito. Esse espírito de caridade tem o potencial de transformar a sociedade. Uma sociedade que pratica a caridade é uma sociedade sem injustiça, e uma sociedade sem injustiça é um mundo ideal — um mundo que não precisa de governos.
Certas pessoas podem perguntar como alguém pode colocar juntas a ideologia anarquista e a cristã. É possível observar isso claramente na vida do próprio Jesus Cristo. Jesus não aceitou cegamente a autoridade dos sumos-sacerdotes e dos escribas (os quais detinham a maior parte da autoridade da sociedade hebraica). Em vez disso, ele questionou o que esses líderes ensinavam e como eles enxergavam as antigas leis. Ao fazer isso, Jesus nos apresentou uma forma totalmente revolucionária e nova que enfatizava a importância do amor sobre a lei. Cristo percebeu que os sumos-sacerdotes enfatizavam demais a lei, usando-a para conseguir poderio próprio. Eles haviam perdido todo o sentido do propósito original das leis. Dessa forma, a lei havia perdido sua eficiência, pois foram corrompidas. A forma havia se sobreposto à função. Por causa disso, Cristo usou uma nova abordagem e direcionou seus ensinamentos mais para o sentido de seguir uma vida de caridade. Ao concentrar seus ensinamentos em caridade, ele colocou a função acima da forma. Ele sabia que para tornar o mundo um lugar melhor, as mudanças deveriam começar no coração de cada um, e passou a ensinar COMO sermos pessoas boas em vez de nos dar uma lei que se tenha que seguir para se tornar alguém bom. Cristo nos ensinou sua mensagem revolucionária não somente através de pregações, mas especialmente por meio de exemplos, e é refletindo sobre os exemplos de Cristo que podemos realizar as mudanças mais positivas. Pense nisso: se cada um vivesse os exemplos de Cristo, será que haveria a necessidade de termos governos?
Enquanto penso que não é fácil fazer com que o mundo esteja livre de governos, continuo crendo que como pessoas que crêem no amor e na justiça, devemos sempre manter um cepticismo saudável ao tratar dos nossos compromissos com os poderes que governam esse mundo. Uma filosofia anarquista está cheia de benefícios para aqueles que vivem numa sociedade com leis e estruturas rígidas. Um anarquista cristão deve sempre questionar, como Cristo, os poderes estabelecidos. Em qualquer situação, questionamentos sempre nos levarão cada vez mais pertos da Verdade.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Controvérsias
Uma das maiores comunidades Amish no mundo fica na Pensilvânia (EUA). Em outubro de 2006, uma chacina dentro de uma escola Amish resultou na morte de cinco crianças entre 6 e 13 anos, além do atirador de 32 anos, que se suicidou.
O atirador era um motorista de caminhão de leite que atendia a comunidade. Tomou 10 meninas como reféns. No mesmo dia, membros da comunidade visitaram a familia de Roberts (o motorista) para dizer que o perdoavam. No enterro das meninas, o avô de uma das vítimas disse as outras crianças: "não devemos odiar aquele homem"
Crenças
A Bíblia, principalmente a ética do Novo Testamento, devem ser obedecidas como a vontade de Deus, embora não sistematizando sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da Bíblia é realizada nos cultos e reuniões da igreja. Essa posição de evitar querelas teológicas evitou divisões de carácter doutrinários nas denominações anabatistas.
Credos e confissões são somente documentos para demonstrar aquilo que se crê, mas requerem a adesão ou crença a eles. Aceitam, portanto, em essência os Credos históricos do Cristianismo, mas não o professam.
A Igreja é uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A Igreja não é subordinada à nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou hierarquia religiosa. Assim evitam participar das atividades governamentais, jurar lealdade a nação, participar de guerras.
A Igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real, marcada pela separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os mandamentos de Cristo.
A Igreja celebra o Batismo adulto por infusão como simbolo de reconhecimento e obediencia a Cristo, e a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem autoridade de disciplinar seus membros e até mesmo sua expulsão, a fim de manter a pureza do indivíduo e da igreja.
Como pode ser notado, a teologia anabatista é massivamente eclesiológica, baseada na vida comunitária e Igreja.
Quanto a salvação, os Amish crêem no livre-arbítrio, o ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados e Deus regenera e ajuda-o a andar em uma vida de regeneração.
Os Amish não creem que a conversão para Cristo seja uma experiência emocional de um momento, mas um processo que leva a vida inteira;
O que único na Teologia Anabatista, principalmente depois de Menno Simons, é a visão sobre a natureza de Cristo, possui uma doutrina semi-nestoriana, crendo que Jesus Cristo foi concebido miraculosamente pelo Espirito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma parte física dela. Maria, seria portanto um instrumento usado por Deus, para cumprir o Seu plano.
A essência do cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo.
A ética do amor rege todas as relações humanas.
Pacifismo: Cristianismo e violência são incompatíveis.
A Sociedade Amish
Os amish preferem viver afastados do restante da sociedade. Eles não prestam serviços militares, não pagam a Segurança Social e não aceitam qualquer forma de assistência do governo. Muitos evitam até mesmo fazer seguro de vida.
A maioria fala um dialeto alemão conhecido como "Pennsylvania Dutch" ou "Pennsylvania German" (alemão da Pennsylvania). Eles se dividem em irmandades, que por sua vez dividem-se em distritos e congregações. Cada distrito é independente e tem suas própria regras de convivência.
O filme "A Testemunha", com o ator Harrison Ford, mostra o modo de vida dos amish nos Estados Unidos. Homens usando ternos e chapéus pretos e mulheres com a cabeça coberta por um capuz branco e com um vestido preto. A comunidade Amish considerou muito liberal a imagem que se fez deles.
Os amish não gostam de ser fotografados. Interpretam que, de acordo com a Bíblia, um cristão não deve manter sua própria imagem gravada.
Origem
Os primeiros Amish começaram a migrar aos Estados Unidos no século XVIII, para evitar perseguições e o serviço militar compulsório. Os primeiros imigrantes foram ao condado de Berks, Pensilvânia.
Amish
Crenças
Sentir Deus - todo indivíduo é capaz de sentir Deus directamente, sem intermediário algum. Todos têm uma Luz Interior: o Espírito Santo, que guia o indivíduo quando este se converte e aceita essa voz.
Bíblia - tradicionalmente os quakers aceitaram Cristo como a Palavra (Logos) Divina e a Bíblia seria o testemunho dessa Palavra. Alguns quakers têm-na como única influência.
Simplicidade - os quakers adoptam modos de vidas simples: sem valorizar roupas caras, distinção de classe social, títulos honoríficos ou gastos desnecessários.
Igualdade - existe um forte senso de igualitarismo, evitando discriminação baseada em sexo ou raça. (Os quakers foram notáveis abolicionistas e feministas). As mulheres tiveram direitos iguais e participação dos cultos quakers desde o século XVIII.
Honestidade - recusam jurar, conduzir negócios obscuros, actividades anti éticas.
Ação Social - organizações como o Greenpeace e a Anistia Internacional foram fundadas pelos quakers e são influenciadas pela ideologia da Sociedade dos Amigos;
Pacificismo - os quakers se recusam a usar armas e violência, mesmo em auto-defesa.
Quaker
Menonitas
O testemunho pessoal e a perseguição religiosa levaram os anabatistas e a nova doutrina a diferentes países da Europa, surgindo inúmeras igrejas inicialmente na Suíça, Prússia (atual Alemanha), Áustria e Países Baixos. Neste último, um dos grandes líderes anabatistas foi Menno Simons (1496-1561), cuja influência sobre o grupo foi tão profunda (moderada para alguns) que seus adversários passaram a chamar aos anabatistas de "menonitas".
O principal ponto de discórdia entre os menonitas e seus perseguidores era o batismo infantil. Os menonitas acreditam que a igreja deve ser formada a partir de membros batizados voluntariamente. Isso não era tolerado pelo Estado, nem pela igreja católica nem pela igreja protestante oficial da época.
Os menonitas tiveram durante a sua história diversos pontos de discórdia entre si o que sempre acabou levando a divisões e novas denominações entre eles, como por exemplo os Amish.
Durante o século XVI os menonitas e outros anabatistas foram duramente perseguidos, torturados e martirizados. Por isso muitos deles emigraram para os Estados Unidos, onde ainda hoje vive a maior parte dos menonitas. Eles estão entre os primeiros alemães a imigrarem para os Estados Unidos.
Em 1788, a convite de Catarina, a Grande, imperatriz da Rússia, agricultores menonitas da Prússia (atualmente Alemanha e Polónia) emigraram para Chortitza (em 1789) e Molotschna (em 1804) no sul da Rússia (atualmente Ucrânia). Com o passar do tempo, por escassez de terra e outros motivos, surgiram muitas outras colonizações menonitas que lutaram pelo seu bem-estar espiritual, cultural e material em diversas regiões da Rússia Europeia e asiática.
Doutrina
A Bíblia, principalmente a ética do Novo Testamento, devem ser obedecidas como a vontade de Deus, embora não sistematizando sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da Bíblia é realizada nos cultos e reuniões da igreja. Essa posição de evitar querelas teológicas evitou divisões de carácter doutrinários nas denominações anabatistas.
Credos e confissões são somente documentos para demonstrar aquilo que se crê em comum, assim não requerem a adesão formal a eles. Aceitam, portanto, em essência os Credos históricos do Cristianismo, mas não o professam.
A Igreja é uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A Igreja não é subordinada à nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou hierarquia religiosa. Assim evitam participar das atividades governamentais, jurar lealdade a nação, participar de guerras.
A Igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real, marcada pela separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os mandamentos de Cristo.
A Igreja celebra o Batismo adulto por infusão como símbolo de reconhecimento e obediência a Cristo, e a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem autoridade de disciplinar seus membros e até mesmo sua expulsão, a fim de manter a pureza do indivíduo e da igreja.
Como pode ser notado, a teologia anabatista é massivamente eclesiológica, baseada na vida comunitária e Igreja.
Quanto a salvação, o Anabatismo crê no livre-arbítrio, o ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados e Deus regenera e ajuda-o a andar em uma vida de regeneração.
O que é único na Teologia Anabatista, principalmente depois de Menno Simons, é a visão sobre a natureza de Cristo, possui uma doutrina semi-nestoriana, crendo que Jesus Cristo foi concebido miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma parte física dela. Maria, seria portanto um instrumento usado por Deus, para cumprir o Seu plano, mas não Theotókos (Mãe de Deus).
A essência do cristianismo consiste em uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo.
A ética do amor rege todas as relações humanas.
Pacifismo: Cristianismo e violência são incompatíveis.
Anabatistas Hoje
Muitos Anabatistas conservadores vivem em comunidades rurais isoladas e desconfiam do uso de tecnologia.
As principais denominações hoje Anabatistas são: os Mennonitas; Amish, famosos pelo estilo de vida conservador; Hutteritas, que defendem um comunualismo, rejeitando propriedade individual.
Os Anabatistas influenciaram ainda outras denominações religiosas, como os Quakers; Batistas; Dunkers e outras denominações protestantes que afirmam a necessidade de uma adesão voluntária à Igreja.
Origem
Os anabatistas fundaram então sua primeira igreja no dia 21 de janeiro de 1525, próxima a Zurique, na Suíça, de acordo com a doutrina e conduta cristãs pregadas no Novo Testamento e testemunharam alegremente de sua nova vida em Cristo.
É difícil sistematizar as crenças anabatistas daquela época, porque qualquer grupo que não era católico ou protestante e que batizava adultos, como os unitários socinianos ou semi-gnósticos como Thomas Muentzer eram rotulados como anabatistas. Esses grupos, junto com os Anabatistas constituem a Reforma Radical.
Em "In nomine Dei", José Saramago retrata um conhecido episódio na história do movimento anabaptista que teve lugar na cidade de Münster (no norte da Alemanha), onde entre 1532 e 1535 foi estabelecida uma teocracia nas linhas das orientações desta denominação. Ver a Rebelião de Münster.
Anabaptista
segunda-feira, 5 de maio de 2008
domingo, 4 de maio de 2008
RAÍZES FECUNDAS
Sendo assim, dentro de um sistema capitalista, as formas de prazer e entretenimento são moldadas de acordo com as fronteiras erigidas acintosamente pelas ¨novas corporações de oficio¨. Vivemos, portanto agregados a tais formas de conduta hedonista. Os ¨realiy (?)¨shows atraem todos os holofotes da sociedade pós-moderna, pois são atrativos grávidos de imposições de vulgaridade sistemática, como por exemplo: concorrência exacerbada por liderança, utilização de métodos maquiavélicos de alcance do poder, articulações em grupos por objetivos individuais e um rígido controle das ações consideradas fora dos padrões imposto(sutilmente) pela indústria televisiva em questão. Seria esses programas uma ¨teatrização¨ repetitiva do palco real, cotidiano, onde os atores enceram, de forma viciosa, a peça trágica que constitui a nossa própria história?
A assimétrica social, sancionada por este ideário excludente, constrói barreiras intransponíveis entre as classes sociais. Vagarosamente, os movimentos sociais opositores tomam características sistemáticas de reprodução da doutrina liberal e adequam-se aqueles que, supostamente, outrora o combatiam. A atrofia mental, presente nos meios de comunicação, não se restride somente á esfera deste meio, haja vista que também se impregna despoticamente no meio sacro-religioso, como por exemplo: a teologia da prosperidade, a usuras cometidas na Idade Média que resultaram na corrupção da Igreja Moderna e alienação maquiada de fiéis. O cristianismo tem se desvencilhado dos seus princípios comunais da Igreja Primitiva e das Comunidades Ágape (Atos 2.44-46 e 4.34-37 Mateus 6.19-21) e se rendendo aos deleites da pós-modernidade.
Tendo em vista os tópicos apresentados, pode-se fazer as determinadas reflexões: até quando as raízes (auto-destruitivas) deste organismo doentio estará em evidência na organização social contemporâneo? Até quando haverá a comercialização da fé? Até quando as igrejas funcionarão como fundos lucrativos de investimento?Até quando os cristãos se preocuparão em construir templos luxuosos para abrigar suas vaidades? Até quando as igrejas negligenciarão a alforria dos cativos e oprimidos? Até quando? Somente nós podemos responder...
sábado, 3 de maio de 2008
BANALIZAÇÃO
Suponho que o convívio diário com certas situações acaba por nos tira a sensibilidade. Aos poucos, a dor alheia soa como um ranger de porta, o horror vira rotina, a morte do próximo é vista como uma página virada. É a banalização da tragédia. Para suportá-la, procuramos revesti-la de comédia.
A TV nos submete ininterruptamente a uma aluvião de acidentes, assassinatos, guerra, crianças famintas e estrasanhadas agarradas aos ossos de seus filhos de corpo frio e cabeça dilatada. Nada disso tira o nosso sono nem provoca a nossa indignação. Aos poucos, vamos admitido que essa é a normalidade talvez um erro humanamente justificável, como as bombas atiradas sobre crianças e idosos na lugoslávia. Apenas um nó de tristeza por ver o mundo tão injusto e cruel.
A TV dometica-nos para bem conviver com a tragédia, carnavalizando situações aberrantes e exibindo no palco deformações de corpo e espírito como se fossem meras atrações de interesse público. Torna-se rotina ver a face que desabona os políticos: as diatribes do ministro, a corrupção do deputado, as fanfarronices do senador, a mentira do prefeito, a demagogia do governado, o cinismo do presitende.
Assim, aos nossos olhos, molda-se a impressão de que a política é suja, todos os políticos são malandros, o processo eleitoral e uma farsa. Desiludidos, recolhemo-nos á vida privada, indiferentes á esfera política, onde é decidi da pior ou melhora vida de milhões de pessoas, do preço de ônibus ao acesso ao emprego. Tudo se banaliza, a ponto de ocorrer uma inversão em nosso enfoque: danem-se os direitos coletivos, as causas sociais, os valores e os ideais. O que importa é o chicote da mascarada, a privacidade da dançarina do tchan, a filha da rainha dos baixinhos, o féretro da princesa que enterra a nossa ilusão de que a vida, para nobres e ricos, é sempre bela e feliz.
Nas ruas, tropeçamos com mendigos e cruzamos com crianças abandonadas. São moscas na comida. Importam menos que uma dor de dente. Sorte nossa que ¨não somos como ele¨. Preferimos acreditar que a desigualdade social é como o inverno e o verão: para uns, as agruras do frio; para outros, o conforto do calor.
Conta a parabóla que certo monge retornava a seu mosteiro. Cruzou no caminho com uma criança maltrapilha, abatida pela fome e pelo frio. N igreja, vociferou contra Deus, que permitia sofrimentos tão injustos. ¨ Por que o Senhor nada faz por aquela criança?¨ De repente, um clarão. Deus mostrou a Sua face luminosa e disse a ele : ¨Eu já fiz:você!¨.